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Câncer de mama

Sobre a doença

 Entendendo o câncer de mama. 

O que é o Câncer de Mama

Câncer de mama é o tipo mais frequente de câncer entre as mulheres, tanto no Brasil, quanto no mundo. A doença inicia-se quando as células normais da mama se alteram e começam a crescer descontroladamente, formando um agrupado de células anormais, o que se denomina tumor. Essas células anormais possuem uma capacidade de proliferação muito maior, se comparamos às células saudáveis do tecido mamário. Essa capacidade de proliferação aumentada, em associação com a característica que possuem de inibição de morte celular, confere o potencial de disseminação da doença para os linfonodos regionais ou outras partes do corpo.

Ilustração computadorizada do câncer de mama

Quais são os tipos de câncer de Mama?

Classificação pelo aspecto Anato-Patológico

Essa é a classificação dada pelo médico patologista mediante avaliação do tipo de células e rearranjo delas no microscópio.
Existem vários subtipos de câncer de mama. O mais comum é o denominado ductal, que surge nas células dos ductos que transportam o leite até o mamilo. Cerca de 8 em cada 10 mulheres com câncer de mama possuem esse subtipo. O segundo tipo mais frequente de câncer de mama é o lobular, que surge nos lóbulos responsáveis pela produção do leite. Uma em cada 10 mulheres com câncer de mama tem esse tipo. Outras histologias mais raras de câncer de mama também podem surgir, como o medular, mucinoso, metaplásico, papilar e tubular.

Classificação por Imunohistoquímica

Uma vez confirmado o diagnóstico de câncer de mama por meio da biópsia (com a retirada de um fragmento do tumor), exames de patologia são realizados para saber se o tumor possui expressão de receptor de estrógeno, receptor de progesterona e HER2 (o que traduz um aumento do número de cópias de um gene chamado de receptor do fator de crescimento epidérmico humano 2). Quando o tumor é negativo para as 3 variáveis estudadas, o denominamos de Triplo Negativo. Se for positivo para o HER2, independentemente dos outros 2 receptores ,ele é definido como HER2 positivo, e se positivo para estrógeno e/ou progesterona e negativo para HER2, trata-se subtipo hormonal.
A definição do subtipo de câncer de mama é fundamental na determinação do tratamento escolhido, pois será um fator preponderante na escolha do uso de quimioterapia, terapia anti-hormonal e anticorpos anti HER2, além da sequência de tratamento escolhida, ou seja, se o pacientes iniciará o tratamento por cirurgia, quimioterapia ou terapia anti-hormonal.

Estadiamento do Câncer de Mama

Trata-se da avaliação do tamanho do tumor na mama, da presença ou não de comprometimento dos linfonodos (gânglios) regionais, e avaliação se o tumor acarretou comprometimento em outros lugares à distância no corpo.
Uma vez estabelecido o diagnóstico de câncer de mama através de biópsia, os exames de imagem mamários e exame físico realizado pelo médico, determinarão o tamanho do nódulo da mama e status do linfonodo axilar.
Essa classificação determinará os tipos de exames de imagem necessários. Além disso, os sintomas relatados pelo paciente são extremamente importantes na avaliação dos exames adicionais. Pode ser necessária realização de PET-CT, Ressonância de Crânio, Tomografia Computadorizada de diversos segmentos do corpo ou Cintilografia Óssea. Além disso, todos os pacientes realizarão exames laboratoriais. Exames cardíacos serão realizados dependendo do tipo de tratamento medicamentoso indicado.

Sintomas e Diagnóstico

O diagnóstico do câncer de mama é realizado através dos exames de rastreamento e detecção precoce, os quais são indicados pelo médico. Em geral, toda mulher a partir dos 40 anos de idade, independentemente de história familiar de câncer ou de sintomas, deve realizar acompanhamento médico periódico, com avaliação clínica, além de realizar a mamografia anualmente. Deve-se ressaltar que para algumas mulheres, dependendo de certos fatores de risco e histórico familiar, a idade de início e o tipo de dos exames mamários escolhidos pode ser distinto. Por esse motivo, é extremamente importante uma avaliação médica especializada para determinação da idade de início e tipo de exames no acompanhamento da paciente. O auto-exame também pode ser importante em alguns casos, na avaliação das mamas e, caso a mulher note quaisquer alterações, o médico especialista deve ser sempre ser procurado.


Uma célula cancerígena gigante poliplóide de câncer de mama triplo negativo.


O tumor de mama pode se manifestar clinicamente como um nódulo palpável, como uma alteração de pele (como vermelhidão, inchaço ou ferida), assimetria no tamanho das mamas ou descarga líquida ou sanguinolenta pelo mamilo. Independente do aspecto, qualquer anormalidades nas mamas deve sempre ser reportada ao médico.
Independente da paciente apresentar sintomas ou não, os exames de mama não devem ser temidos, uma vez que são capazes de detectar alterações pré malignas, ou seja, que um dia poderiam se transformar em um câncer invasivo, ou tumores bastante iniciais, em que as chances de curam são otimizadas.

Fatores de Risco

Não existe um fator de risco que leve sozinho ao desenvolvimento do câncer de mama. Importante ressaltar que uma paciente nunca deve se sentir culpada pelo aparecimento de câncer de mama. O tumor não distingue status sócio econômico ou raça, podendo acometer qualquer indivíduo que possua tecido mamário. Há no entanto, algumas medidas que podemos adotar no nosso estilo de vida para reduzir o risco de desenvolvimento de câncer de mama.
Abaixo, revemos os principais fatores descritos abaixo que podem estar relacionados ao aumento de risco de surgimento desse tumor:
1. Idade: o risco do câncer de mama aumenta com a idade, ocorrendo geralmente após os 50 anos. Porém, é importante lembrar que, apesar de menos frequente, casos de câncer de mama podem surgir antes mesmo dos 35 anos. Por isso, qualquer alteração detectada na mama de uma mulher, independente da idade, deve ser reportada ao médico especialista.
2. História familiar: câncer de mama pode ter origem hereditária, sendo causa responsável pelo surgimento de aproximadamente 10% dos casos de câncer de mama. Ressalta-se que mesmo quando não se detectam na família mutações em genes relacionados ao aumento de risco de câncer de mama, história familiar de câncer de mama, principalmente em familiares de primeiro grau, é fator de risco para desenvolvimento da doença.
3. Gestação tardia ou ausência de gestação: a consequente não amamentação pode aumentar o risco.
4. Início precoce da menstruação e menopausa tardia.
5. Bebidas Alcóolicas: ingestão de bebidas alcoólicas aumenta o risco de câncer de mama, sendo o aumento de risco proporcional à quantidade do uso.
6. Reposição hormonal: uso de terapia de reposição hormonal , uso combinado de estradiol com progesterona, por longa duração.
7. Obesidade
8. Sedentarismo
9. Mamas densas nos exames de imagem
10. Antecedente prévio de Carcinoma Ductal In Situ, Carcinoma Lobular In Situ ou Hiperplasia Atípica da Mama.
11. Exposição à radioterapia em tórax na juventude

Tratamento

O tratamento do câncer de mama pode incluir várias modalidades: cirurgia, quimioterapia, terapia endócrina (ou hormonoterapia), drogas alvo-moleculares e radioterapia. Diversos fatores são importantes na definição dos tratamentos a serem realizados, como por exemplo:
1. Estadiamento: pacientes com tumores iniciais, geralmente descobertos em exames de rotina, poderão receber cirurgia conservadora seguida de radioterapia, sem necessidade de quimioterapia. Paciente com tumores grandes na mama poderão receber quimioterapia neoadjuvante (ou pré-operatória).
2. Tipo de câncer: paciente com câncer de mama com receptores hormonais positivos receberão terapia endócrina (ou hormonoterapia) com comprimidos. Pacientes com câncer de mama com expressão de HER2 receberão um tipo de terapia-alvo que age diretamente na proteína HER2. Subtipo biológico de câncer de mama também é muito importante na determinação da necessidade de realização de quimioterapia.
3. Estado menstrual: o tratamento do câncer de mama da mulher na pré-menopausa tem diferenças importantes quando comparado com a mulher que já entrou na menopausa.
O tratamento do câncer de mama deve ser definido, portanto, por uma equipe de médicos altamente treinados e integrados para proporcionar a estratégia de tratamento mais adequada para cada caso.

Prevenção

Há estratégias no estilo de vida que as mulheres podem adotar para reduzir o seu risco de câncer de mama. Hábitos de vida saudáveis, como realizar atividade física regularmente, adoção de uma alimentação saúdavel, rica em frutas, fibras e vegetais, com restrição de alimentos processados, é muito importante. Além disso, deve-se fortemente evitar ingestão excessiva de álcool. Tais medidas são também muito importantes na prevenção de outros tipos de câncer. Manter um peso adequado também é fundamental, e naturalmente é consequência de um estilo de vida saudável, como o aqui mencionado.
Avaliação da paciente por especialista na área também é importante para determinar se há indicação de realizar prevenção de câncer de mama através do uso de medicamentos ingeridos por via oral. Para que a paciente seja candidata a essa estratégia, é fundamental uma avaliação de todos os fatores de risco acima mencionados.
Para pacientes portadoras de tipos específicos de mutações germinativas, há a possibilidade de prevenção de câncer de mama através de cirurgias mamárias redutoras de risco. Essa estratégia é reservada para um seleto grupo de mulheres, sendo o médico especialista capaz de determinar quais são as pacientes candidatas para o procedimento.

Novidades Contra o Câncer de Mama

As descobertas sobre o câncer de mama avançam a cada dia. Pesquisas recentes têm mostrado que tratamentos dirigidos para subtipos específicos de câncer de mama acarretam um maior benefício para o paciente. Dessa forma, quanto mais informações os pesquisadores conseguem obter, mais oportunidades surgem para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes, e além disso potencialmente com menos efeitos colaterais em relação à tradicional quimioterapia.
Os avanços no tratamento do câncer de mama chegam à prática clínica cada vez mais rapidamente. Por esse motivo, é muito importante que o tratamento seja realizado em um centro de excelência, com profissionais altamente especializados, envolvidos no desenvolvimento de pesquisa dos novos agentes de tratamento. Tal expertise é fundamental para que o paciente experimente, em seu plano de tratamento, o que há de mais eficaz disponível. Além disso, infra estrutura e equipe multidisciplinar de apoio formam o alicerce fundamental para possibilitar a implementação das novas tecnologias e tratamentos.

Autora:

Dra Débora de Melo Gagliato, oncologista titular do Centro de Oncologia do Hospital Beneficência Portuguesa, São Paulo

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