
Sobre a doença

O pâncreas está localizado no abdômen entre o estômago e a coluna vertebral. Esse órgão possui um componente chamado de exócrino, responsável pela produção de algumas proteínas que ajudam na digestão e um componente endócrino, responsável por produzir uma série de hormônios, dentre eles a insulina. As células que compõe o pâncreas podem crescer de forma descontrolada, originando um câncer. O tipo mais comum de câncer de pâncreas é o adenocarcinoma, que se origina nas células da parte exócrina do pâncreas. Mais raramente, o câncer pode se originar nas células do componente endócrino, sendo conhecido como carcinoma neuroendócrino. Este último apresenta um comportamento e um tipo de tratamento diferente do adenocarcinomas.
O Câncer de pâncreas não está entre os tipos de tumores mais comuns. No entanto, infelizmente, ainda é uma doença para a qual os avanços no tratamento tem sido um poucos mais lentos. Dessa forma, ainda associa-se com uma mortalidade elevada, principalmente no caso do adenocarcinoma em fases mais adiantadas. A realização do diagnóstico de forma rápida e precisa e o pronto início do tratamento, são fundamentais.
Fatores de Risco
O câncer de pâncreas não possui uma causa específica. No entanto, existem uma série de fatores que podem aumentar a chance de que ele ocorra. Isso não quer dizer que caso esses fatores estejam presentes efetivamente o paciente terá esse diagnóstico. Entre os fatores de risco estão a idade avançada, o sexo masculino, o tabagismo, a obesidade e a presença de história de câncer de pâncreas na família. Existem algumas síndromes genéticas também ligadas ao aumento do risco de pâncreas. Em muitos destes casos existem outros casos de tumores na família, como câncer de mama e ovário, melanoma, câncer de intestino. Alguns estudos também associam o maior risco de câncer de pâncreas com o diabetes, a cirrose e a pancreatite crônica (que é uma inflamação do pâncreas).
Sintomas
Muitas vezes o câncer de pâncreas numa fase inicial não apresenta sintomas, por isso é conhecido como uma doença “silenciosa”. Infelizmente, não existem bons exames para rastreamento do câncer de pâncreas em fases muito iniciais. Quando o tumor continua crescendo ele pode dar origem a alguns sinais e sintomas. Tumores localizados, principalmente na cabeça do pâncreas, podem obstruir a via biliar, e levar a um quadro de amarelamento da pele e dos olhos (icterícia), coceira, perda de cor das fezes e escurecimento da urina. Outros possíveis sintomas do câncer de pâncreas incluem dor progressiva na parte superior do abdômen ou nas costas, dificuldade de digestão de alimentos, náuseas, sensação de empachamento, início de diarréia (principalmente se as fezes forem gordurosas ou mal-cheirosas), além de cansaço, perda de peso e apetite.
Diagnóstico
Após a suspeita clínica e o exame físico pelo médico, uma série de exames pode ser solicitada para o diagnóstico. Frequentemente, o pâncreas é melhor visualizado através de uma tomografia ou ressonância do que de um ultrassom. Caso exista uma lesão suspeita, uma biópsia para confirmação do resultado pode ser necessária. Apenas o resultado final do exame de biópsia pode confirmar o diagnóstico e definir o tipo de câncer de pâncreas. A biópsia pode ser feita por uma agulha que é inserida na lesão através de um exame de tomografia ou de endoscopia. O câncer de pâncreas muitas vezes aumenta um marcador sanguíneo chamado Ca 19-9. No entanto, esse exame não deve ser utilizado como única ferramenta para o diagnóstico, pois pode estar normal em muitos pacientes e também pode estar elevado em uma série de condições benignas.

Como parte do processo de avaliação inicial, alguns exames adicionais podem ser necessários. Eles podem incluir exames laboratoriais, tomografia e/ou ressonância, e o PET-CT.
Tratamento
O tipo de tratamento oferecido para o câncer de pâncreas irá depender da extensão em que ele se encontra no organismo. Para tumores que estão localizados (sem metástases), a cirurgia de remoção completa ou parcial do pâncreas é uma etapa importante. Essa é uma cirurgia complexa, que deve ser feita preferencialmente em centros especializados. Atualmente, pode ser feita por via aberta, laparoscópica ou robótica. Como o câncer de pâncreas frequentemente pode se espalhar para outros órgãos, a quimioterapia é muito importante no controle desta doença. Na maior parte das vezes ela é feita por via endovenosa. Pode ser feita antes e/ou após a cirurgia para aumentar as chances de cura da doença. Nos casos de doença avançada, a quimioterapia é a principal forma de tratamento. Nos últimos anos, houve um importante avanço na eficácia e tolerância da quimioterapia, com a aprovação de novas medicações. Esses avanços tem proporcionado, frequentemente, melhores resultados para os pacientes. A quimioterapia deve ser orientada e indicada por um oncologista.
Em alguns casos, a radioterapia também pode ser utilizada para controle do câncer de pâncreas. Existem vários estudos em andamento buscando novas alternativas de tratamento. Para alguns pacientes selecionados a imunoterapia pode trazer bons resultados. Além disso, novas drogas específicas para algumas proteínas do tumor são promissoras, as chamadas drogas de alvo molecular.
Alguns tumores de pâncreas podem estar associados a um risco genético hereditário. Atualmente, já existem ferramentas apropriadas para realizar esse tipo de investigação. Portanto, a depender de fatores individuais, a discussão sobre essa forma de avaliação com o médico pode ser importante.